terça-feira

DE BUENOS AIRES A PENINSULA VALDEZ (PATAGÔNIA)

1.01.2009 – quinta-feira – oitavo dia – de Buenos Aires à Bahia Blanca (Argentina). 706 km rodados neste dia. Das 8h18 até às 20h45. Tempo total: 12h27 de viagem. 4.254 km desde Brasília, sendo 560 km no Uruguai e 724 km na Argentina.

(Mensagem do Flávio) –
a) Ano-Novo - como ontem foi festa de Ano-Novo, vamos começar falando de nossa última noite de 2008. Em Buenos Aires está quase tudo lotado e não é fácil conseguir reserva de última hora para a ceia de reveillon. Porém, conseguimos! Nas proximidades do nosso hotel (Grand Orly) havia o restaurante CeBleau, onde ainda havia vagas. Fomos agraciados com a presença, no mesmo local, da equipe belga de motociclismo que irá disputar o rally Dakar, versão inédita do Paris-Dakar em terras sul-americanas. A competição terá inicio aqui em Buenos Aires no dia 3. Batemos um papo com um dos pilotos em portunhol, francês e inglês e conseguimos nos entender com desenvoltura. Só para satisfazer a curiosidade de muitos, ficamos sabendo o seguinte: na competição não se pode usar GPS. O piloto recebe apenas uma planilha em papel, com 24 h de antecedência, com o trajeto da etapa a ser cumprida no dia seguinte. Eis aí um adicional de dificuldade que não conhecíamos. A equipe tem que ser rápida no planejamento. 9 em cada 10 pilotos preferem a KTM para esse tipo de prova. Talvez isso explique o porquê de essa moto estar vencendo quase todas as últimas versões do rally. Perguntamos a que velocidade média eles andam na areia e, pasmem, o cabra respondeu na maior tranquilidade que é por volta de 200 km/h.
b) Viagem de hoje – agora “Los 4 Panacas” não viajam mais sozinhos, têm 3 mulheres no pedaço, ou melhor, nas garupas. Apenas a Cássia, esposa do Zael, ainda não veio ao nosso encontro. Vai direto para Ushuaia de avião! Saímos de Buenos Aires em direção a Bahia Blanca um pouco depois das 8h. Logo que deixamos a capital, começamos a conviver com cenário repetitivo de planícies de perder de vista: pastagens, vacas e ovelhas quase o tempo todo. Vez por outra, para atenuar a mesmice da paisagem, surgiam plantações de girassóis ladeando a pista. A rodovia, uma reta sem fim em excelentes condições, nos proporcionou segurança e bocejos por todo trajeto de hoje. A temperatura manteve-se entre 18 e 25 graus, excelente para pilotar. O trajeto para Bahia Blanca, geralmente, é marcado pela presença de ventos fortes, mas demos sorte! Hoje não ventou em momento algum.
c) Hospedagem problemática - havíamos feito reserva no albergue “Bahia Blanca” desde Brasília, mas ao chegar no local, que decepção! Aparência de sujeira e desleixo, chuveiro em cima do vaso, roupa de cama fedida etc. Rosane e Neila imediatamente decidiram procurar outro local. Gláucio, Aline e Zael, já instalados em quartos “menos ruins” dos que foram reservados para nós, resolveram ficar. Aproveitei da garagem do albergue e fomos a pé para outra hospedagem (Bahia Hotel), a 8 quadras do local, que nos custou 120 pesos a mais. Dino e Neila também foram para lá. Marcamos de sair às 7h30, impreterivelmente, no dia seguinte.
(foto no Puerto Madero, no ano-novo; e na estrada)

2.01.2009 – sexta-feira – nono dia – de Bahia Blanca a Puerto Madryn (Argentina). 691 km rodados neste dia. Das 8h15 até às 20h16. Tempo total: 12h01 de viagem. 4.945 km desde Brasília, sendo 560 km no Uruguai e 1.415 km na Argentina.

(Mensagem do Flávio) – havíamos combinado de sair às 7h30 e tomamos cuidado para que o horário fosse cumprido, particularmente por termos dormido em hotéis diferentes, o que poderia dificultar o reencontro do grupo em horário tão cedo. O fato é que há diferentes sensos de “prontidão” entre nós e, por mais que se tente, não conseguimos ainda afinar nossos horários de saída, de parada para abastecimento, para almoços e lanches na estrada. Começamos o dia com controvérsias sobre isso. Saímos com 1 hora de atraso e, para piorar, gastamos mais de meia hora no trecho urbano de Bahia Blanca. Como resultado, dentre outras causas, tivemos que pilotar novamente por mais de 12 horas para chegar em Puerto Madryn, na Península Valdez da Patagônia.
a) Ventos – logo nos primeiros quilômetros após Bahia Blanca nos deparamos com vento enjoado, vindo do sudoeste e nos pegando de frente, que balançou as motos por 120 km. Não foi um obstáculo difícil de ser transposto, mas o resultado apareceu logo no primeiro abastecimento. Todas as motos tiveram consumo em torno de 14 km/l. Mais adiante o vento parou, retomando sua força nas proximidades de S. Antonio do Oeste, a 260 km de Puerto Madryn. Foi um período curto de ventania, se computado em distância, mas nos deu um aviso de que quanto mais ao sul, maior a sua força. Não havia combustível na rodovia e tivemos que entrar em S. Antonio para abastecer. Na Patagônia é comum grandes distâncias entre um posto e outro e, ainda, corre-se o risco de chegar em um deles e não encontrar gasolina. Há muitos carros a diesel na Argentina e, aparentemente, gasolina não é prioridade por aqui. Compramos galões adicionais para levar nas motos. Não há problema com a oferta de gasolina, mas excesso de procura, particularmente por causa do enorme fluxo de pessoas por causa do rally Dakar, que chega depois de amanhã a Puerto Madryn.
b) Patagônia – adentramos a Patagônia Argentina antes das 11h. Nossa emoção de estar aqui foi grande. Paramos ao lado da placa que anuncia o inicio da região na província de La Pampa e, logo atrás de nós, um casal de suíços (Emanuel e Adriana), numa moto BMW GS1200, também parou. Conversamos e tiramos fotografias. Muito bom encontrar pessoas parecidas conosco em nosso estilo de vida. O cenário continua repetitivo, porém agora predominam as estepes, a baixa umidade (entre 20 e 24%) e um calor que chegou aos 38 graus. Para quem pensa que a Patagônia só tem neve... O calor é de matar nas províncias de Rio Negro e Chubut. No mais, a vegetação é basicamente formada por arbustos espinhentos, muito parecidos com as juremas do sertão nordestino.


3.01.2009 – sábado – décimo dia – Parados em Puerto Madryn (Argentina).
(mensagem do Flávio) - Chegamos ao décimo dia de viagem com cômputo de mais de 84 h de estrada. Passamos mais tempo em cima da moto do que descansando. Uma experiência nova para mim. Agradeço muito a Deus por me permitir chegar aos quase 51 anos com a saúde excelente e com resistência suficiente para encarar esse batente.
a) Península Valdez – tivemos nosso primeiro contato com pinguins, lobos, leões e elefantes marinhos no dia de hoje (http://www.flickr.com/photos/24062165@N06/sets/72157608001548173/show/). Pelo caminho vimos guanacos, ñandus (espécie de Ema) e muitas criações de cordeiro. O prato “Cordeiro Patagônico” é mundialmente respeitado e aproveitamos nossa parada de almoço para experimentá-lo em um dos lugares mais tradicionais daqui, o restaurante La Elvira, localizado no meio da Península Valdez. Resolvemos contratar serviço de transporte para fazer esse passeio, que tomou a manhã e quase toda a tarde de hoje. Valeu a pena mesmo! Estamos precisando ficar um pouco longe das motos para reduzir o desgaste físico. À noite, vamos encarar uma mariscada, acho que o prato mais requisitado por aqui, porque estão exigindo reserva antecipada nos restaurantes locais.
b) Viagem do Dalton e Evânio – dois grandes amigos de Brasília também saíram para fazer uma viagem de moto parecida com a nossa para Ushuaia, porém por caminho diferente, descendo pelos Andes. Não tenho notícias recentes deles. A última foi a de que estavam em Mendoza, na Argentina. Se porventura eles lerem nosso blog, peço que enviem um email para nós. Devemos nos encontrar pelo caminho, provavelmente em Puerto Natales, no Chile.







10 comentários:

Gadelha Neto disse...

Olá, Flávio e demais!

Estou acompanhando sua saga aqui no conforto do meu lar. Mas juro que "tengo ganas" de seguir com vocês em uma viagem como esta, pra fazer um registro jornalístico (que é a minha praia). Sei lá, descrever lugares, cidades, entrevistar pessoas comuns, conhecer seu dia-a-dia, descobrir personagens interessantes. Quem sabe, um dia...
Um ano novo pleno de viagens bem-sucedidas, seja na estrada ou na vida.
Um abraço
Gadelha

Anônimo disse...

Estamos daqui torcendo para que sejam exitosos em seus propósitos e que a viagem seja uma entre diversa realizações de 2009!!!
Um abraço, Simone e Sergio Doscher

João Schulz disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fbraga disse...

Grandes amigos Aventureiros!!!! do Águia solitária. Estou aqui acompanhando e muito feliz por vocês. Que tudo saia, na medida do posssível(eu sei como é difícil a relação humana hehehe) como o +ou- programado.

Abs Fábio

Tashi Delek! (saudações tibetanas de boa sorte e fortuna).

ps- Flávio, mande lembranças à todos, e em especial ao meu irmão Gláucio(amo muito ele).

Fernanda disse...

viajando com seus relatos...

Anônimo disse...

Flávio,

Estou acompanhando, aqui da esplanada, sua expedição austral, desejo feliz 2009 e que você capte imagens bacanas na jornada.

Abraço,

Alexandre Furtado

Anônimo disse...

Flávio e Rosane,

aventureiros destemidos dos prados portenhos !!!

minha admiração por vocês só aumenta, quando leio os desafios que vão se apresentando e as soluções criativas que vocês encontram.

fiquem firmes ... muitas emoções certamente aguardam vocês pelo caminho.

abraço do amigo Martin

Unknown disse...

Oi Gláucio! Oi Aline!
Feliz Ano Novo pra vcs!
Q viajem MARAVILHOOOSA q vcs estão fazendo! Vou continuar aki acompanhando !
Boa sorte e Boas farras!
Abras
Fernandinha Carvalho

Anônimo disse...

Berenice e Sérgio


Flávio e Rosane,

Ficamos muito felizes com a possibilidade de compartilhar de suas aventuras.
É muito bom conhecer novos lugares, pessoas, enfim, experimentar.
Desejamos a todos vocês, extensivo aos seus companheiros de viagem, um excelente 2009 e uma viagem bastante proveitosa.

Um grande abraço,

Berenice e Sérgio

Unknown disse...

que buen viaje!! felicidades