terça-feira

DE BRASILIA A BUENOS AIRES


25.dez.2008, quinta-feira – Primeiro dia – de Brasília a Ribeirão Preto (SP) – 726 km rodados desde Brasília – Das 9h40 até às 20h30. Tempo total: 10h50 de pilotagem.

(Mensagem do Flávio Faria) – Vou itemizar para ser mais objetivo:
a) Saída de Brasília – deixamos nossa cidade às 9:40h, partindo do posto de gasolina da Candangolândia. Cerca de 25 amigos e parentes compareceram para despedir. Acho que vai ser duro ficar 31 dias longe deles, particularmente dos filhos. Depois de muitos abraços e beijos, demos por iniciado o projeto Xshuaia 2009 dentro do horário previsto. Amigos motociclistas nos acompanharam nos primeiros 50 km da rodovia, passando-nos uma sensação de companheirismo e de acolhimento. Paulo Amaral e Gilson Wander (meus parceiros mais constantes de outras viagens), Mineiro, Alex Luzardo e Fábio (irmão do Gláucio) estavam entre eles.
b) Chuvas – não demorou muito para que a chuva nos pegasse pelo caminho. Inicialmente, foram 3 pequenos trechos com pancadinhas leves. Nas proximidades de Araguari (MG), fomos surpreendidos por um temporal típico de verão, fortíssimo, que nos obrigou a nos proteger por cerca de 50 minutos sob a marquise de um posto de gasolina. Antes de parar, tentamos avançar sob o forte aguaceiro, mas eu, Zael e Dino enfrentamos pequenas derrapagens nas curvas. Não teve jeito! Tivemos que interromper a viagem até a chuva ceder. No total, creio que pilotamos algo em torno de 250 km em piso molhado e escorregadio. Sobrevivemos a ele!
c) Temperatura – em todo o trajeto até aqui convivemos com variações térmicas entre 19 e 26 graus. Essa temperatura amena é importante para nós, porque quanto mais quente o asfalto, maior o desgaste dos pneus. A durabilidade desses equipamentos é sempre uma incógnita para quem viaja de moto. Temos esperança que os nossos dêem conta de ir e voltar de Ushuaia sem necessidade de troca, mesmo considerando que temos 16.000 km a percorrer (o meu pneu traseiro já havia rodado 3.500 km quando saí de casa).
d) Em Ribeirão Preto – curiosamente, pela terceira vez consecutiva em viagens longas, paro para dormir em Ribeirão Preto, no mesmo hotel, uma espelunca chamada Saint Remy, que nos custou r$ 35,00 o pernoite em quarto individual. Sempre faço uma piadinha a respeito da necessidade de hidratação numa viagem como esta. Todos sabem que em Ribeirão existe a famosa choperia Pingüim e é sempre lá que cuidamos desta parte, açambarcando muitas tulipas de chope gostoso e gelado. Depois desse procedimento, digamos “hidratativo”, só nos resta cair nos braços de Morfeu e nos preparar para mais um longo percurso no dia seguinte.
e) Fechamos o dia com 130 km rodados a menos que o planejado.

(fotos na choperia Pinguim e na estrada)

26.dez.2008 – sexta-feira – segundo dia – de Ribeirão Preto a Itajaí (SC) - 894 km rodados no dia. 1620 km desde Brasília. Das 7h40 até às 20h40. Tempo total: 13h de pilotagem.

(mensagem do Flávio Faria) - Hoje cruzamos grande parte do estado de S. Paulo e todo o Paraná. Chegamos em terras catarinenses, de onde escrevo da cidade de Itajaí. Estamos numa hospedaria modesta, o hotel Silva (R$ 25,00), que também foi vitimado pelas enchentes de novembro passado, decorrentes das chuvas excessivas que arrebataram toda essa região de Santa Catarina. A água por aqui chegou a 1,5 metro da parede dos quartos. Em Itajaí fica um dos principais portos brasileiros, por onde escoa parcela considerável das nossas exportações. Os prejuízos da cidade com a enchente foram enormes!
Novamente a chuva nos acompanhou por cerca de 120 km. Nada em grande intensidade, mas nos incomodou bastante. O pior trecho de hoje foi os 30 km não-duplicados da rodovia Régis Bittencourt (BR 116), ainda em S. Paulo. Gastamos 50 minutos para atravessar essa pequena quilometragem. Parece inacreditável que isso ocorra em plena rodovia federal, mas foi fato! Muitos caminhões, muitas curvas e chuva persistente. Combinação desagradável para quem está na estrada sobre duas rodas.
Quando adentramos o Paraná o céu abriu de vez. Sol e calor, enfim! Viemos tranqüilos até aqui acelerando forte, mesmo considerando que a BR 101, em S. Catarina, está com movimento descomunal de automóveis. Também pudera: sexta-feira, feriado, verão, praias maravilhosas... todos querem aproveitar!
(foto na divisa SP/PR)

 27.dez.2008 – sábado – terceiro dia – de Itajaí (SC) a Bom Princípio (RS) - 735 km rodados no dia. Das 6h56 até às 22h10. Tempo total: 15h14 de pilotagem. 2.355 km desde Brasília.
(Mensagem do Flávio)
a) O dia das trapalhadas – Se fôssemos 3, diria que demos uma de “Três Patetas” no dia de hoje, mas como somos 4, acho que batizar a nós mesmos de “Los 4 Panacas” seria mais adequado. Conseguimos nos perder uns dos outros por 5 vezes apenas neste trecho. Uma façanha digna de constar do Guines, o livro dos recordes. Não vou entrar em minúcias de como isso se deu, mas ressalto que perdemos muito mais de 2 horas de viagem nas tentativas de reagrupamento da expedição. Muitas discussões e bate-boca entre nós! Se não tivéssemos forte relação de amizade, creio que o grupo já teria se desfeito. Fechamos o dia com 360 km de atraso em relação ao planejado.
b) No litoral – a chuva sumiu de vez do nosso caminho. Transitamos por muitas horas bordeando o litoral catarinense. Um cenário fantástico! Floripa, Ibituba, Garopaba e outras localidades maravilhosas passavam à nossa esquerda, obrigando-nos a parar por dezenas de vezes e fotografar suas belezas.
c) Serra do Rio do Rastro e Serra Gaúcha – fizemos pequena alteração no nosso roteiro original e seguimos por Lages, depois de passar pela Serra do Rio do Rastro http://www.flickr.com/photos/24062165@N06/sets/72157607993709420/show/), que é considerada por muitos especialistas em turismo o trecho de rodovia mais bonito do Brasil. Considerando este trecho e a Serra Gaúcha, foram cerca de 500 km através curvas fechadas. O teste de pilotagem mais longo por que passamos em nossas vidas. A dificuldade do trajeto não é aconselhável aos novatos. Apesar dos muitos obstáculos, valeu a pena conviver com as belezas indescritíveis das montanhas, da vegetação e das cidadelas por onde passamos.
d) Paramos para dormir em Bom Principio (RS), cidade que tem nome bastante propício para rediscutirmos nossa estratégia de viagem, haja vista que o dia de hoje foi muito desgastante por conta da lentidão e das trapalhadas. Depois de 15 h sentados no banco da moto para rodar apenas 735 km, sentimos que era hora de mudar alguma coisa. Fechamos compromisso entre nós de, a partir de amanhã, colocar em prática tudo o que não fizemos nos primeiros 3 dias de viagem.

(fotos da Serra do Rio do Rastro, em Santa Catarina)


  28.dez.2008 – domingo – quarto dia – de Bom Princípio (RS) a Atlântida (Uruguai)- 920 km rodados nesta dia. Das 7h30 até às 23h. Tempo total: 15h30 de pilotagem. 3.275 km desde Brasília, sendo 305 km no Uruguai.
a) Atravessamos a fronteira do Chuí com 2.970 km rodados desde Brasília, às17:45h, sob calor de 40 graus. Passamos pela belíssima região dos Pampas Gaúchos e o Banhado do Taim. Um dia lindo, de muito sol e calor. Senti sono nos momentos mais quentes do dia. Desde o dia 24, véspera de Natal, não consigo dormir além de 6 h por noite. Ainda bem que teremos 3 dias inteiros de descanso em Buenos Aires a partir de amanhã. Nas proximidades do Taim conhecemos um ciclista carioca, Juarez Costa, que está há 6 anos na estrada viajando sem rumo.
b) Tanquinho merreca da XT – a Yamaha quando fez a XT660, conseguiu produzir uma moto com pouquíssimos defeitos. O pior deles, sem dúvida, é o tamanho do tanque, de apenas 15 litros. Isso equivale a uma autonomia de menos de 2 h de viagem. Eu e Zael trocamos nosso tanque por um maior, porém a moto do Gláucio encontra-se com o equipamento original de fábrica. Por conta desse detalhe, nosso amigo Gláucio ficou sem gasolina no meio do Banhado do Taim e teve que fazer uma chupeta do tancão do Zael. Isso aconteceu logo depois de receber uma multa por ultrapassar em faixa contínua.
c) Adentramos o Uruguai pelo Chuí. Trocamos reais por pesos e dólares no meio da rua, com um cambista que trabalhava no estacionamento de um cassino da cidade, do lado uruguaio. Fizemos os procedimentos da aduana e lá fomos nós. O calor estava infernal! Seguimos pela rodovia uruguaia, uma reta sem fim de asfalto impecável. Uma planície extensa com altitude em torno de 100 metros acima do nível do mar. Um ventinho maroto balançou as motos por mais de 50 km. Foi um avant-premiere em menor intensidade do que vamos encarar lá embaixo nas terras do Fogo e da Patagônia.
d) Entramos rapidamente em Punta del Este na intenção de pegar a rodovia que margeia o oceano até Montevidéu. Triste opção! Enfrentamos engarrafamento monstro dentro de Punta que nos obrigou a retornar 40 km para a rodovia principal (ruta 9). Escureceu por volta das 21h e a noite nos pegou pelo caminho. Um trânsito imenso nas imediações de Montevidéu não nos permitiu manter boa média horária. Não teve jeito! Paramos em Atlântida, a 60 km antes da capital uruguaia, e só conseguimos hotel às 23h (hotel Colonial, a US$ 40 por apartamento duplo). Hoje foi o dia mais longo de todos: superamos 15h de estrada e, novamente, não conseguimos cumprir nosso plano inicial, que era dormir em Montevidéu. Sem problema: planejamento é planejamento; viagem é viagem!
e) A velocidade nas rodovias uruguaias varia entre 110, 90 e 60 km. Claro que só existe policiamento nos trechos de 60 km. Passamos por 2 patrulhas da policia camiñera uruguaia escondidas atrás de uma ponte e de uma lombada. Demos sorte de não sermos multados. Tivemos muito cuidado com a velocidade nos trechos mais lentos depois que fomos alertados por um brasileiro que conhecemos num posto de gasolina.
(fronteira Brasil/Uruguai e pôr-do-sol em Punta del Este)



29.dez.2008 – segunda-feira – quinto dia – de Atlântida (Uruguai) a Buenos Aires (Argentina). 273 km rodados neste dia. Das 8:30h até às 13:30h. Tempo total: 5h de pilotagem. 3.548 km desde Brasília, sendo 560 km no Uruguai e 18 km na Argentina.Saímos de Atlântida em direção a Colônia del Sacramento, onde pegamos o Buquebus, ferryboat que atravessa o rio Prata até Buenos Aires. Optamos pelo expresso, que leva cerca de 45 minutos de travessia, com saída às 13:45h, ao preço de 1.400 pesos uruguaios, aproximadamente R$ 155,00. Durante o trajeto, conhecemos o casal Fred e Gabriela, de Belo Horizonte, que também está indo para Ushuaia (de automóvel) e outro de Sampa, Fernando e Rosana, que viaja numa moto Kavasaki Vulcan 1500cc para Mar del Plata.
Chegamos a Buenos Aires às 14:30h e decidimos trocar o óleo das motos antes de ir para os hotéis Orly e América Estúdios, onde tínhamos reservas. Essa operação durou até às 18h. Nossas companheiras: Rosane, Aline e Neila chegaram ao hotel antes da gente, por volta das 16h e nos esperavam ansiosas, sem saber ao certo a razão da nossa demora. Cássia, esposa de Zael, vai nos encontrar em Ushuaia, no dia 6. Dino e Neila estão em hotel diferente do nosso e saíram para dançar e comer. O resto da turma foi dormir cedo sem nenhum programa noturno neste nosso primeiro dia em Buenos Aires. Amanhã vamos botar pra quebrar!
30.dez.2008 e 31.dez.2008– terça e quarta-feira – sexto e sétimo dias – parados em Buenos Aires
Utilizamos os 3 dias em Buenos Aires para ficar um pouco longe das motos e passear muito http://www.flickr.com/photos/24062165@N06/sets/72157607993717902/show/). Estivemos nos bairros da Ricoletta, Boca, San Telmo, Retiro e Puerto Madero, degustando paellas, bifes de lomo e de chorizo (contra-filé), parilladas, de bons vinhos e da tradicional cerveja Quilmes. O grupo se separou em alguns desses passeios para que cada um desfrutasse da melhor forma a presença das esposas e companheiras.
No dia 31 planejamos um ano-novo bem conservador, sem avançar muito na madrugada. Pretendemos sair de Buenos Aires com destino a Bahia Blanca por volta das 9h da manhã do dia
primeiro.
(fotos no "Caminito", no bairro da Boca, em Buenos Aires)

9 comentários:

CândidOsório BMCB/ISF-HSF/BRZ disse...

Beleza de relato. Já estávamos ansiosos pela falta de notícias, mas que ótimo que está tudo transcorrendo bem.
Vão com DEUS, sempre, e mandem mais notícias.

Anônimo disse...

Feliz ano novo e maravilhosa viagem para vcs!!! Dê um grande abraço na minha amiga Rosane!!!

moto reporter disse...

parabens, estou aqui lendo e sorrindo, quem me ve diante do lap-top acha q estou lendo piada, hehhe
mas é pura satisfação de ver amigos realizando sonhos, vão com Deus, este nunca os faltará, abraços'.strava

Unknown disse...

Feliz 2009!!!
Abraços,
Reginaldo Rohden.

Téo disse...

Valeu Flávio,
Ontem mesmo postei uma mensagem no motoeamizade querendo saber notícias de vocês, já que no blog, nada!!!!.
É isso aí. Sigam em paz, estamos aqui acompanhando tudo.
Amanhã (de coxinha) junto com outros Desgarrados, vamos a Foz do Iguaçu curtir um pouco o Parque Nacional.
Que a proteção divina esteja em todos nós.
Abraços
Téo.

Bressan52 disse...

Xará, que bom que conseguiram mandar notícias, a turma aqui tava ansiosa por saber como está a viagem! Beleza de relato, a gente faz as curvas com vocês! Continuem firmes e não deixem os imprevistos desanimarem, faz parte da "brincadeira"! ;-)

Abração!
Flavio e Lilian

Anônimo disse...

Flavio, estou "de cara" com a corragem de vocês. Orgulhoso de ter um amigo guerreiro como você. Acho que o melhor apelido seria "Los quatro Cavaleiros Valentes". Parabéns! Felicidades a todos. Desejo uma boa viagem a vocês. Que Deus os protejam na ida e na volta do Fim do Mundo. E, que no ano de 2009, seja so felicidades... Um abraço do amigo Paulo de Deus.

Unknown disse...

Caramba... Até que enfim deram noticias...ja estavamos preocupados
Bom saber que ta tudo ok e dentro do previsto... não esqueçam de quardar uns trocados pros poliças hermanos....hehehe

Abraços
Gilson
Vice - MCAS-DF

Anônimo disse...

Que ótimo que deram notícias, já estavamos preoculpado.
Esperamos que continuem assim,sem maiores problemas e que a viagem seja só alegria.

Bração a todos
Raimundo - MCAS-DF